terça-feira, 23 de outubro de 2018

Resenha do livro "O corpo do brasileiro"


QUEIROZ, Renato da Silva. O corpo do brasileiro: Estudo de estética e beleza. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2000. 181 p.

Resenha:
O corpo é o tema do livro de Renato Queiroz, que combina uma série de estudos produzidos por antropólogos. Pela grande extensão territorial, o Brasil tem vários biótipos físicos que compõem a pluralidade brasileira. O autor aponta que o corpo não é só biológico, mas resultado de uma construção social, a cultura a qual esse corpo é exposto define os padrões estéticos que determina se ele será considerado bonito ou feio e gordo ou magro, além de fornecer sua identidade social. 

“Respeitados certos limites, cada cultura define a beleza corporal à sua própria maneira, ocorrendo o mesmo com a classificação e a avaliação das diferentes partes do corpo e as decorrentes associações estabelecidas entre tais partes e determinados atributos, positivos ou negativos.” (p 22)
Renato sugere que exista um “adestramento” do corpo, cita Foucalt quando “fala de ‘disciplina’, métodos que automatizando movimentos, posturas, gestos, etc., permitem minucioso controle das operações do corpo, não apenas para incrementar o seu rendimento, controlar a sujeição constante de suas forças impondo-lhe uma relação utilidade/docilidade, mas, sobretudo, para submetê-lo politicamente ”. (p 32)

A distribuição de gordura corporal é diferente para um corpo masculino e um feminino, o modelo ideal de beleza corporal atual, considerado mais atrativo, disseminado pelas revistas, é o de medidas menores, mais discretas, entretanto, há alguns anos (e séculos) atrás, o modelo ideal era o das mulheres mais rechonchudas: 

“Várias características femininas relacionadas à atratividade tem sido acentuadas pela moda e pela cirurgia plástica — implantes de silicone, lipoaspiração, etc. (...) A cirurgia plástica permite alterações ainda mais drásticas: recria a forma e a firmeza típica de seios mais jovens, os aumenta por meio de implante de silicone ou os reduz com a remoção do que neles parece excessivo”. (p 46).

A beleza, aos poucos, assume uma importância para as mulheres, onde a relação com o corpo gera insatisfação que incide diretamente na auto-estima. É cada vez mais comum as mulheres verem o próprio corpo de maneira  distorcida. A percepção da própria imagem não corresponde mais com à realidade. "Sendo o corpo fundamental para a atratividade feminina e como este é elemento essencial a auto-imagem, é possível prever que o peso e a satisfação com respeito a ele sejam determinantes para a satisfação integral da mulher" (p 57)

Os processos culturais são, também, determinantes para considerar tal objeto belo ou feio, e tal determinação é prejudicial, pois fortalece os círculos viciosos sociais:

“Nas sociedades ocidentais modernas, estabelece-se uma identidade entre beleza corporal, inteligência e poder aquisitivo elevado. Dito de outro modo: a expectativa geral é que pessoas bonitas sejam capazes e bem sucedidas. Sobre os que são considerados feios, pesa a suspeita de que sejam pobres, rudes, carentes de instrução e portadores de reduzida capacidade intelectual. Tal julgamento reduz as chances de ascensão social dessas pessoas, estigmatizando-as e restringindo a sua participação nas redes de sociabilidade” (p 59).

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