domingo, 24 de agosto de 2025

Resenha do livro "Ministério do silêncio", de Lucas Figueiredo

 


Oi, gente!

Eu finalizei o livro “Ministério do silêncio" faz algum tempo, mas a leitura foi tão intensa que demorei para digerir o livro. O livro aborda a criação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e o papel dela durante a ditadura militar. Quanto mais leio sobre a ditadura, descubro que ainda não sei nada.

As notas de fim me incomodaram, melhor seria se fossem notas de rodapé, facilitaria MUITO. O livro é escrito pelo jornalista Lucas Figueiredo, ele consegue dar fluidez na história, não fica parecendo um registro de vários fatos em blocos, mas uma narrativa interessante e misteriosa, um suspense com ação e muitas reviravoltas. TUDO ACONTECEU DE VERDADE.

Sobre o autor: Lucas Figueiredo

Jornalista e escritor, nasceu em Belo Horizonte em 1968. Recebeu três prêmios Esso, dois Vladimir Herzog e um Jabuti. Foi repórter da Folha de São Paulo e colaborador da rádio BBC de Londres. Também atuou como pesquisador da Comissão Nacional da Verdade e consultor da Unesco. É autor dos livros-reportagem Morcegos negros, entre outros.

Dados do livro

Nome: Ministério do silêncio – A história do serviço secreto brasileiro de Washington Luís a Lula 1927 a 2005.

Autor: Lucas Figueiredo

Editora: Record

Ano de publicação: 2005

Páginas:  591

Sumário:











Sinopse

Durante sete anos, o jornalista Lucas Figueiredo (autor de “Morcegos negros”) investigou o submundo do serviço secreto brasileiro, compondo um retrato impressionante desse órgão público federal que age nas sombras e não obedece às leis. Para contar a história do Serviço desde o surgimento do seu embrião, em 1927, até 2005 no governo Lula, o autor reuniu 26 quilos de documentos confidenciais e mais de 120 horas de entrevistas como agentes e ex-agentes secretos. O resultado é um quadro inédito dos crimes cometidos pelo serviço secreto nesses 78 anos, que incluem chantagem, perseguição, estelionato e cumplicidade em tortura, assassinato e ocultação de cadáveres.

          Ministério do Silêncio revela ainda que a vocação do serviço secreto para sabotar a democracia surgiu muito antes da ditadura militar (1964-1985) e continua a se manifestar nos dias de hoje. Mostra também como o governo gasta anualmente mais de 40 milhões de dólares para manter esse órgão público obcecado com um único “inimigo”: você. 

Resenha

O tema central é o nascimento e as transformações do serviço secreto no Brasil que teve cinco siglas: Scifi, SNI, DI, SSI e ABIN. Consequentemente, o livro também faz um registro das mudanças políticas brasileiras. E é muito interessante como cada presidente (eleito democraticamente ou não) contribuiu para o fortalecimento desse serviço e após a ditadura o serviço secreto passou a ser temido, posto que não sofreu grandes alterações devido ao vínculo com as forças militares. A impressão que eu tive é que o passado não estava tão distante, a realidade é que desde 1988, data do nascimento da Constituição, só se passaram 37 anos. Pouquíssimo tempo. É preciso ler o livro com muita atenção. Pode deixar que nas primeiras páginas o autor preparou mecanismos que facilitam a leitura: nota do autor, um resumo, glossário, organogramas e listas dos presidentes e período que ficaram no poder. Além, é claro, de várias fotos das pessoas envolvidas e dos documentos






Um resumo

Primeiramente, deixo registrado que nem a resenha mais longa e detalhada é capaz de conseguir transmitir tantas informações que esse livro traz. São muitos personagens reais que tiveram participação ativa em diversos conflitos e situações. Nós, cidadãos que não estamos envolvidos com política, que lemos o jornal de maneira até inocente ou que lemos poucos livros sobre política e ditadura, não estamos familiarizados com o nome dessas pessoas, que por vezes, trabalharam mais nos bastidores e que tinham grande influência e poder. Diante disso, eu vou pular várias partes do livro fazendo uma abordagem de partes importantes. Este recorte só existe para ilustrar um pouco do que você vai encontrar no livro.

O autor começa a contar a história com o então Presidente Washington Luiz que sofre um golpe de estado. O primeiro de tantos outros que sucederam na história da política brasileira.  Neste período o grupo secreto criado em 1926 não o ajudou, na verdade, passaram informações que confundiram o presidente Luiz. Este episódio marca o fim da república velha e início da era Vargas, pois este golpe levou Getúlio Vargas ao poder.  Apesar de Getúlio Vargas ser mais desconfiado do que W. Luiz, em 1945 também sofre um golpe militar e é derrubado. O jornalista vai traçar um perfil de todos os presidentes para mostrar como isto interfere nas tomadas de decisões.

A influência dos Estados Unidos no Brasil é apontada pelo autor tendo início quando as forças armadas lutaram nos campos de batalha da Itália. A FEB lutou e atuou como subordinada aos EUA e muitos oficiais brasileiros voltaram "americanizados" perturbados pelos fantasmas comunistas. Até aquele período a escola militar francesa era a maior influência entre a oficialidade brasileira. Depois de serem treinados (e doutrinados) pelos americanos, tudo mudou. Depois desse ocorrido, os EUA financiaram a Escola Superior de Guerra sediada no Rio de Janeiro. E continuou interferindo em muitos outros assuntos e fazendo outros investimentos. Segundo o autor Figueiredo, o governo americano pressionou Juscelino para tirar do papel o Serviço Nacional de Inteligência para perseguir comunistas no Brasil. Juscelino cedeu. Criou a Scifi.

Surge uma figura muito importante nessa história, o coronel Golbery do Couto e Silva. Guarde esse nome o livro inteiro. Muitas coisas acontecem. Chegamos no dia 31 de março de 1964, o dia do golpe militar.  O serviço secreto já é chamado aqui de Serviço Nacional de Informações (SNI) e tinha tanto poder que se igualava a KGB. Só que diferentemente da KGB atuava externa e internamente, o autor declara que o serviço secreto nasce no inverno democrático e renasce com mais poder o regime militar.

Alguns acontecimentos violentos que ocorreram durante a ditadura são relatados no livro com detalhes, entre eles: A polícia ficou mais agressiva a partir de 1968, ao invadir o restaurante popular chamado “Calabouço" matou o estudante de 17 anos, Edson Luís de Lima Souto. A imagem nos jornais causou comoção, pois o sujeito considerado subversivo perigoso como foi traçado pela polícia não combinava com aquele jovem quase menino. Essa foto inspirou Milton Nascimento a escrever a música "Menino". Além desse, é narrado o que ocorreu com o jornalista Vladimir Herzog e tantos outros. Muita violência, com várias pessoas.

O General Ernesto Geisel tomou posse da Presidência da República no dia 15 de março de 1974. Em agosto do mesmo ano, Geisel retoma relações diplomáticas com a China.  Com a abertura a política em 1975 a começaram a denunciar as torturas durante a ditadura. Golbery retorna no governo Geisel.

Em 5 de outubro de 1978, outro militar assume o poder, tomando posse no dia 15 de março de 1979. Neste caso foi o General João Baptista Figueredo eleito presidente. Pela segunda vez um chefe do SNI assumia um cargo no Palácio do Planalto, pois o primeiro foi Médici.

O livro retrata as passeatas das “Diretas, já!”. Tancredo põe fim a ditadura, mas deixa o passado no passado, ou seja, entrega cargos aos militares, não ocorre investigações sobre o que aconteceu na ditadura. Tancredo nunca assumiu a presidência: uma doença fatal se alastrava. Uma série de erros médicos, de transferências de hospitais, sete cirurgias. Ele faleceu de infecção no dia 21 de abril de 1985, aos 75 anos.

Quem tomou posse foi José Sarney no dia 15 de março de 1985, às 10h. A ditadura estava acabada, depois de cinco generais, um civil tomava posse, porém sob a guarda dos militares. José Sarney enfrenta muitos problemas. A última vez que o povo brasileiro havia elegido um presidente foi Jânio Quadros, em 1960.

O autor aponta que o Serviço Secreto, depois da Constituição de 1988, tinha que contratar funcionários só por meio de concurso, todos os 48 aprovados eram civis, quando assumiram o cargo na SSI tinham funções operacionais. Sem a perspectiva de ascensão profissional e a má vontade dos funcionários mais antigos começaram a sair e arrumar empregos melhores. Sobrando apenas 17. O serviço continuava dominado pelos mais antigos membros da SNI.

Um projeto da criação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) tem como chefe responsável Alberto Cardoso. O último subcapítulo chamado “Epílogo”, o autor vai tratar da Abin e o governo Lula. E como até um governo de esquerda precisou ceder a Abin, como todos os outros haviam feito, sempre existindo concessões.

 



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