Oi, gente!
Eu finalizei o livro “Ministério do
silêncio" faz algum tempo, mas a leitura foi tão intensa que demorei para
digerir o livro. O livro aborda a criação da Agência Brasileira de Inteligência
(Abin) e o papel dela durante a ditadura militar. Quanto mais leio sobre a ditadura,
descubro que ainda não sei nada.
As notas de fim me incomodaram, melhor
seria se fossem notas de rodapé, facilitaria MUITO. O livro é escrito pelo jornalista
Lucas Figueiredo, ele consegue dar fluidez na história, não fica parecendo um
registro de vários fatos em blocos, mas uma narrativa interessante e
misteriosa, um suspense com ação e muitas reviravoltas. TUDO ACONTECEU DE
VERDADE.
Sobre o autor: Lucas Figueiredo
Jornalista e escritor, nasceu em Belo
Horizonte em 1968. Recebeu três prêmios Esso, dois Vladimir Herzog e um Jabuti.
Foi repórter da Folha de São Paulo e colaborador da rádio BBC de Londres.
Também atuou como pesquisador da Comissão Nacional da Verdade e consultor da
Unesco. É autor dos livros-reportagem Morcegos negros, entre outros.
Dados do livro
Nome: Ministério do silêncio – A história do
serviço secreto brasileiro de Washington Luís a Lula 1927 a 2005.
Autor: Lucas Figueiredo
Editora: Record
Ano
de publicação: 2005
Páginas:
591
Sumário:
Sinopse
Durante sete anos, o jornalista Lucas Figueiredo (autor de “Morcegos negros”) investigou o submundo do serviço secreto brasileiro, compondo um retrato impressionante desse órgão público federal que age nas sombras e não obedece às leis. Para contar a história do Serviço desde o surgimento do seu embrião, em 1927, até 2005 no governo Lula, o autor reuniu 26 quilos de documentos confidenciais e mais de 120 horas de entrevistas como agentes e ex-agentes secretos. O resultado é um quadro inédito dos crimes cometidos pelo serviço secreto nesses 78 anos, que incluem chantagem, perseguição, estelionato e cumplicidade em tortura, assassinato e ocultação de cadáveres.
Ministério do Silêncio revela ainda que a vocação do serviço secreto para sabotar a democracia surgiu muito antes da ditadura militar (1964-1985) e continua a se manifestar nos dias de hoje. Mostra também como o governo gasta anualmente mais de 40 milhões de dólares para manter esse órgão público obcecado com um único “inimigo”: você.
Resenha
O tema central é o nascimento e as
transformações do serviço secreto no Brasil que teve cinco siglas: Scifi, SNI,
DI, SSI e ABIN. Consequentemente, o livro também faz um registro das mudanças
políticas brasileiras. E é muito interessante como cada presidente (eleito
democraticamente ou não) contribuiu para o fortalecimento desse serviço e após
a ditadura o serviço secreto passou a ser temido, posto que não sofreu grandes
alterações devido ao vínculo com as forças militares. A impressão que eu tive é
que o passado não estava tão distante, a realidade é que desde 1988, data do
nascimento da Constituição, só se passaram 37 anos. Pouquíssimo tempo. É
preciso ler o livro com muita atenção. Pode deixar que nas primeiras páginas o
autor preparou mecanismos que facilitam a leitura: nota do autor, um resumo,
glossário, organogramas e listas dos presidentes e período que ficaram no
poder. Além, é claro, de várias fotos das pessoas envolvidas e dos documentos.
Um resumo
Primeiramente, deixo registrado que nem
a resenha mais longa e detalhada é capaz de conseguir transmitir tantas
informações que esse livro traz. São muitos personagens reais que tiveram
participação ativa em diversos conflitos e situações. Nós, cidadãos que não
estamos envolvidos com política, que lemos o jornal de maneira até inocente ou
que lemos poucos livros sobre política e ditadura, não estamos familiarizados
com o nome dessas pessoas, que por vezes, trabalharam mais nos bastidores e que
tinham grande influência e poder. Diante disso, eu vou pular várias partes do
livro fazendo uma abordagem de partes importantes. Este recorte só existe para
ilustrar um pouco do que você vai encontrar no livro.
O autor começa a contar a história com o
então Presidente Washington Luiz que sofre um golpe de estado. O primeiro de
tantos outros que sucederam na história da política brasileira. Neste período o grupo secreto criado em 1926
não o ajudou, na verdade, passaram informações que confundiram o presidente
Luiz. Este episódio marca o fim da república velha e início da era Vargas, pois
este golpe levou Getúlio Vargas ao poder.
Apesar de Getúlio Vargas ser mais desconfiado do que W. Luiz, em 1945
também sofre um golpe militar e é derrubado. O jornalista vai traçar um perfil
de todos os presidentes para mostrar como isto interfere nas tomadas de
decisões.
A influência dos Estados Unidos no
Brasil é apontada pelo autor tendo início quando as forças armadas lutaram nos
campos de batalha da Itália. A FEB lutou e atuou como subordinada aos EUA e
muitos oficiais brasileiros voltaram "americanizados" perturbados
pelos fantasmas comunistas. Até aquele período a escola militar francesa era a
maior influência entre a oficialidade brasileira. Depois de serem treinados (e
doutrinados) pelos americanos, tudo mudou. Depois desse ocorrido, os EUA
financiaram a Escola Superior de Guerra sediada no Rio de Janeiro. E continuou
interferindo em muitos outros assuntos e fazendo outros investimentos. Segundo o
autor Figueiredo, o governo americano pressionou Juscelino para tirar do papel
o Serviço Nacional de Inteligência para perseguir comunistas no Brasil. Juscelino
cedeu. Criou a Scifi.
Surge uma figura muito importante nessa história,
o coronel Golbery do Couto e Silva. Guarde esse nome o livro inteiro. Muitas
coisas acontecem. Chegamos no dia 31 de março de 1964, o dia do golpe militar. O serviço secreto já é chamado aqui de Serviço
Nacional de Informações (SNI) e tinha tanto poder que se igualava a KGB. Só que
diferentemente da KGB atuava externa e internamente, o autor declara que o
serviço secreto nasce no inverno democrático e renasce com mais poder o regime
militar.
Alguns acontecimentos violentos que
ocorreram durante a ditadura são relatados no livro com detalhes, entre eles: A
polícia ficou mais agressiva a partir de 1968, ao invadir o restaurante popular
chamado “Calabouço" matou o estudante de 17 anos, Edson Luís de
Lima Souto. A imagem nos jornais causou comoção, pois o sujeito considerado
subversivo perigoso como foi traçado pela polícia não combinava com aquele
jovem quase menino. Essa foto inspirou Milton Nascimento a escrever a música "Menino".
Além desse, é narrado o que ocorreu com o jornalista Vladimir Herzog e tantos
outros. Muita violência, com várias pessoas.
O General Ernesto Geisel tomou posse da
Presidência da República no dia 15 de março de 1974. Em agosto do mesmo ano, Geisel
retoma relações diplomáticas com a China. Com a abertura a política em 1975 a começaram
a denunciar as torturas durante a ditadura. Golbery retorna no governo Geisel.
Em 5 de outubro de 1978, outro militar
assume o poder, tomando posse no dia 15 de março de 1979. Neste caso foi o
General João Baptista Figueredo eleito presidente. Pela segunda vez um chefe do
SNI assumia um cargo no Palácio do Planalto, pois o primeiro foi Médici.
O livro retrata as passeatas das
“Diretas, já!”. Tancredo põe fim a ditadura, mas deixa o passado no passado, ou
seja, entrega cargos aos militares, não ocorre investigações sobre o que
aconteceu na ditadura. Tancredo nunca assumiu a presidência: uma doença fatal
se alastrava. Uma série de erros médicos, de transferências de hospitais, sete
cirurgias. Ele faleceu de infecção no dia 21 de abril de 1985, aos 75 anos.
Quem tomou posse foi José Sarney no dia 15
de março de 1985, às 10h. A ditadura estava acabada, depois de cinco generais,
um civil tomava posse, porém sob a guarda dos militares. José Sarney enfrenta
muitos problemas. A última vez que o povo brasileiro havia elegido um
presidente foi Jânio Quadros, em 1960.
O autor aponta que o Serviço Secreto, depois
da Constituição de 1988, tinha que contratar funcionários só por meio de
concurso, todos os 48 aprovados eram civis, quando assumiram o cargo na SSI tinham
funções operacionais. Sem a perspectiva de ascensão profissional e a má vontade
dos funcionários mais antigos começaram a sair e arrumar empregos melhores. Sobrando
apenas 17. O serviço continuava dominado pelos mais antigos membros da SNI.
Um projeto da criação da Agência
Brasileira de Inteligência (Abin) tem como chefe responsável Alberto Cardoso. O
último subcapítulo chamado “Epílogo”, o autor vai tratar da Abin e o governo
Lula. E como até um governo de esquerda precisou ceder a Abin, como todos os
outros haviam feito, sempre existindo concessões.


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